quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Certos e Errados da vida...



Juca Pimenta, morador a pequena Vila da honestidade, o rosto de anjo não escondia os serelepes sete anos de idade. Não gostava de estuda,; mas, tinha boas notas.Quanto ao comportamento, é melhor não comentar.
O dia do Pimenta, ou melhor, do Juca começava com o pedido da dona Amélia;
—Levanta, sua preguicinha!Já está atrasado.
Juca então após diversas tentativas de abrir os olhos, levantava da sua cama com apenas um dos olhos abertos e caminha até o chuveiro. Enquanto escova preguiçosamente os dentes ouvia a sua mãe.
—Dormiu tarde novamente. Depois que aprendeu a ler, não larga essas coisas.
 Havia sobre a cama diversos gibi.  Nos últimos meses, Juca havia consumido quase toda sua mesada em historias em quadrinhos.Porém, o problema não era toda a mesada gasta e sim que todo eram obrigados a ouvir todas as histórias de “Capitão América a Chico Bento”.
Embora, não dá para reclamar, o Pimenta era um excelente contador de história, às vezes aumentava, mas era bom. E por falar em suas fabulosas aventuras, lembrei-me de uma...
Era  sexta feita, Juca  foi para escola de ônibus, dormiu demais, como sempre. Furou fila  para entrar no ônibus,a sua esperteza lhe rendeu uma ótima poltrona na janela . Tão logo partiu o ônibus o menino mergulhou em seu mundo “gibiesco”. Mas, a sua leitura não durou muito, eis que uma jovem se aproxima e com voz delicada se dirige ao pequeno leito.
—Não poderia um garotinho tão belo, ceder o ligar para essa senhora.
Um pouco mais a frente uma senhorinha carrega algumas sacolas e, mediante a preocupação da jovem agradeceu e sentou-se no lugar do Pimenta que não  demorou para chegar em seu destino,mas, enquanto deixava o ônibus ouvia os elogios.
“Nossa que menino educado...”
Educação, esperteza, gentileza... Não sei lhe dizer. Porém, uma coisa é certa essa história deu pano para manga. E todos ao longo do dia escutaram  pelo ao menos vinte vezes o seu ato de bondade.

Ennis Araujo

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Um Contador de Histórias

 Eu fazia oito anos. Ninguém é tão adulto quanto alguém com oito anos de idade. As calças curtas, absurdas de inconsistência e incoerentes com a minha pose, postura e alma adulta dos meus oito anos. Papai Noel é óbvio que não existia! Eu não era nenhum bobo. Eu tinha oito anos. Até porque ninguém sabia que eu morria de medo dos meus pais morrerem, de trovão e do Junior, que era um cara que batia em todo mundo lá na minha turma. Escondidos no meu coração de menino, os medos saltavam como bolas.

Mas por fora, por fora eu era um homem. E se meus dentes de leite já haviam caído e se o definitivo não havia nascido, eu não ria mais e pronto! Eu já tinha oito anos. É por isso que eu achei bobeira aquele filme que escolheram para a minha festa.

Aquele vagabundo de bigodinho, bengala, era bobo. Se sujava na lama, tropeçava, tacava torta na cara de todo mundo e quando sorria ... Ah, quando ele sorria me dava uma vontade de chorar que eu odiava. Logo eu, um homem feito de oito anos, chorando! Que raiva! Eu olhava aquele filme chateado, deprimido. Eu não vou chorar. Na minha frente meu avô sério, careca, seco, e minha avó triste. Sempre concentrados. Meus avós pareciam mordomos de filmes – empertigados, sem emoção nunca. Nunca, não. Olhando aquele vagabundo de bigodinho, chapéu coco e bengala, se dobravam de rir. Riam alto, de dar vexame. E eu vi, pela primeira vez, eles se darem as mãos. E aí eu chorei. Logo eu, um homem! Que ódio daquele vagabundo do filme! Ele me mostrava, sem pena, que a ternura ia me acompanhar pra sempre nessa miserável raça de adultos na qual eu julgava ter ingressado, nos meus oito anos. As lágrimas escorreram, aí eu suguei com minha boca sem dentes e ninguém viu. Graças a Deus, ninguém me viu chorar! Porque todos, mas todos, morriam de rir, enquanto suas almas davam as mãos a qualquer avó e a qualquer amor que ainda existisse.

Hoje meu filho anda por aí comigo e pensa que eu sou artista. Ah filho! Como aquele do bigodinho e da bengala, eu não sou não. Mas eu te juro: se o teu filho puder vê-lo nos vídeos do futuro e olhar pra frente segurando as lágrimas, vai me ver procurando a mão da avó dele. E ainda, morrendo de rir.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Filosofia, construir o conhecimento ou demolir o saber?


  Ennis Cláudio Araújo

Atenas, no séc V a.C; era considerada o “Berço da cultura ocidental”. Fruto de uma boa organização do poder, bons educadores, excelentes artistas, hábeis soldados, ricos comerciantes. Porém, uma personagem que de certa forma não se enquadrava em nenhuma destas características marcou a história de Atenas. Um fato curioso é que esta personagem marcou a história pelas criticas que faz a estrutura já montada e não por ajudar a construí-la. O seu Nome era Sócrates, dizem que era muito feio, porem quando falava era dono de um estranho fascínio. Procurado pelos jovens, passava horas discutindo em praça púbica, interpelava os transeuntes, dizendo-se ignorante, e fazia perguntas que aos julgavam entender determinado assunto. Colocava o interlocutor em tal situação que não havia saída senão reconhecer a própria ignorância. Com isso Sócrates reuniu rancorosos inimigos, mas também, valorosos discípulos. O interessante é que a segunda parte de seu método, que se seguia á destruição, da ilusão dos conhecimento, nem sempre levava de fato a uma conclusão efetiva. Sabemos disso não pelo próprio Sócrates, que nunca escreveu, mas por seus discípulos, sobretudo Platão e Xenofontes. Sendo acusado de corromper a mocidade e ser ímpio com os deuses da cidade de Atenas. Foi condenada a morte, sendo esta feita por envenenamento, tomando cicuta. A sua morte é relatada por Platão no livro “Apologia de Sócrates”. Muitas discussões do período que estava preso, são relatadas na obra “Fedon”,